O traço mais marcante de seu rosto é o sorriso. Um sorriso rasgado, gigante, realçado por dentes alinhadíssimos. Um sorriso que contradiz, sabe-se agora, as angústias que ela enfrenta há tempos. No início do mês, Demi cancelou sua participação nos shows que o grupo Jonas Brothers faria no Brasil. Crianças e adolescentes ansiosos para ver a moça ao vivo (ou pelo menos pelo insosso telão, como sempre acontece nesses eventos), não entenderam direito por que, afinal, a estrela não apareceu.
Os organizadores da turnê deram uma justificativa telegráfica. Demi se internaria numa clínica de reabilitação para se tratar de problemas físicos e emocionais. Segundo os sites de celebridades e as agências de notícia, ela estaria se automutilando e sofrendo de transtornos alimentares. Na quarta-feira (17), surgiram boatos de que deixaria a clínica na próxima semana. O porta-voz da atriz negou. Disse que ela passará o Dia de Ação de Graças com a família, na clínica.
A primeira coisa que nos vem à mente quando ouvimos histórias como essa é que o mundo do show business é insalubre e cruel. Crianças e adolescentes submetidos precocemente a tantas exigências (de produtividade, de excelência, de sobrevivência na selva da fama) não podem mesmo acabar bem. Essa é uma meia verdade. Pensar que nossos filhos e sobrinhos estão livres desses distúrbios simplesmente porque não são artistas mirins é se refugiar no conforto da alienação.
DEMI LOVATO
A estrela no American Musica Awards em 2009
A estrela no American Musica Awards em 2009
- ter sofrido negligência, bullying ou abuso sexual na infância
- ter baixa autoestima (sentir-se feia, gorda etc)
- usar drogas ou ter usuários de drogas na família
- saber que algum amigo ou parente se automutila
Por que, afinal, alguém faz isso? A explicação parte de duas raízes: uma biológica, outra psicológica. Quem tem o costume de se automutilar conta que não sente dor. Pelo contrário, diz sentir alívio de sensações opressoras como culpa, raiva, angústia, tristeza. Uma teoria de ordem biológica sugere que essas pessoas liberariam níveis elevados de endorfina no momento do corte. Níveis bem mais elevados do que liberam as pessoas que não sofrem desse problema e se cortam acidentalmente. Essa liberação exagerada de endorfinas seria a responsável pela sensação de bem-estar relatada por quem se automutila. O efeito dura pouco. Alguns minutos depois, a tristeza e a angústia voltam.
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